Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) travaram um confronto direto em debate acalorado da TV Record nesta segunda-feira (25), a menos de uma semana do segundo turno. O formato do programa, com perguntas entre os candidatos, permitiu um embate sem rodeios entre a petista e o tucano.
Em mais de um momento, Serra tentou fugir das cobranças de Dilma sobre o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. O tucano voltou a dizer que o PT inventou a história. Souza é acusado de arrecadar R$ 4 milhões em doações para um suposto caixa dois da campanha de Serra, segundo revista IstoÉ.
Na réplica, Dilma cobrou o tucano.
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- Vocês encobrem o que ele faz. [...] que ele teve a ver com recursos públicos e, além disso, ele está envolvido na Castelo de Areia [operação da PF] por desvio de recursos.
Em outro momento, a petista lembrou que Souza foi responsável por projetos importantes quando Serra era governador de São Paulo: o Rodoanel, ampliações na marginal Tietê e a expansão da avenida Jacu Pêssego.
Para dar o troco na petista, Serra citou o escândalo que envolveu a Casa Civil, as denúncias contra Valter Luiz Cardeal, presidente do Conselho de Administração da
Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, e voltou a falar de José Dirceu e do mensalão.
Dilma também acusou Serra de tentar se apropriar do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo Lula.
Em mais um momento tenso, Serra acusou Dilma de entrar em contradição sobre alguns assuntos durante a campanha como aborto, privatizações e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Serra, ao longo do programa, quis mostrar que sua prioridade é o Nordeste, região onde a adversária petista disparou nas intenções de voto. Mais de uma vez o tucano fez questão de dizer que conhece e sabe “muito bem” como resolver os problemas a região.
No início do segundo bloco, Serra escolheu a Petrobras para dizer que a campanha de Dilma “mente” quando o acusa de querer “privatizar” o petróleo da camada do pré-sal. A petista defendeu ainda que a verba do pré-sal seja investida em áreas como educação, infraestrutura, ciência e meio ambiente.
Serra, na resposta a outra pergunta, volta ao tema da Petrobras e diz que não é possível entender a argumentação da adversária, que o acusa de querer privatizar os direitos de exploração do petróleo da camada do pré-sal.
O tucano também negou que o governo FHC tenha tentado mudar o nome da Petrobras para Petrobrax.
Outro tema que tomou conta do segundo bloco foi o meio ambiente, principal bandeira de Marina Silva (PV), derrotada no primeiro turno. Serra tentou colar sua imagem na candidata verde. Dilma defendeu as metas fixadas pelo governo Lula para reduzir em 39% as emissões de gás carbônico do país até 2020. Segundo ela, isso inclui reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia e em 40% no Cerrado.
Serra atacou a política econômica do governo Lula, que, segundo ele, é caracterizada por "juros siderais, a maior carga tributária do mundo desenvolvido e a menor taxa de investimento do mundo civilizado". Além disso, minimiza a geração de 14 milhões de empregos da atual gestão. Em sua visão, o que mudou foi o "aumento da fiscalização", o que colaborou para incrementar a formalização do trabalho.
A petista promete que vai desonerar os investimentos das pequenas empresas e a folha salarial para, com isso, continuar incentivando o consumo no país.
Serra iniciou o terceiro e último bloco questionando Dilma sobre seu posicionamento a respeito do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). Dilma disse que, no governo Lula, houve menos invasões do que na gestão FHC.
- Não tratamos nenhum movimento social nem com cassetete, nem com repressão.
A petista afirma que não aceita episódios como o de Eldorado dos Carajás, quando sem-terra morreram em um confronto com a polícia, em 1996, durante a gestão FHC.
- Tenho uma clareza: o MST é uma coisa, nós [o governo] somos outra.
Serra insiste em dizer que Dilma vestiu o boné do MST após ter prometido que não faria isso. O tucano também ataca o movimento, dizendo que ele "usa a reforma agrária como pretexto" para agir com violência e "quebrar a ordem jurídica”.
Dilma afirma que Serra não pode fazer promessas, porque "rasgou" as que fez, em referência ao documento que o tucano assinou com o compromisso de cumprir o mandato caso fosse eleito prefeito de São Paulo. Ainda sobre o MST, a candidata do PT concluiu.
- O MST é questão de política social.
fonte: R7.com